Robert Shank
Apêndice B, Life in the Son
As Escrituras afirmam que certas pessoas são dadas pelo Pai ao Filho, que ninguém pode vir a Jesus exceto se o Pai o trouxer (Jo 6.44), e que todo o que o Pai dá a Jesus virá a Ele (v. 37). Surge a questão, Quem o Pai “traz” e dá ao Filho? Há algo no homem que Deus leva em consideração ou a escolha é puramente arbitrária de Sua parte?
Muitos declaram que se Deus levasse em consideração algo nos homens Ele estaria fazendo “acepção de pessoas”. Mas as Escrituras afirmam que se Deus deixar de agir assim é que de fato Ele estaria fazendo acepção de pessoas e seria arbitrário e injusto em seu tratamento com os homens. (Considere os seguintes versículos e seus contextos: At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; Cl 3.25; 1Pe 1.17). Somente a teologia de alguns é que afirma que levando em consideração algo nos homens Deus estaria fazendo acepção de pessoas. As Escrituras afirmam exatamente o oposto.
Proponentes da doutrina da eleição incondicional dão muita importância ao fato que em Jo 6.37, 44, 65; 17.2, Ef 1.4; 2Tm 2.13, e algumas outras passagens (particularmente Rm 9.6-29, para uma discussão veja o Apêndice C), não se faz nenhuma afirmação da existência de algum fator no homem no qual Deus leva em consideração na eleição. Mas é tolice assumir que, visto que há passagens nas quais nenhum fator condicionante é afirmado, então não há nenhum. Pois em toda parte nas Escrituras, a existência desse fator é expressamente afirmado.
Jesus disse, “Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim” (Jo 6.45). Mas Jesus também declarou que, para cada pessoa, o efeito do ensino do Pai (do qual Jesus era o instrumento consagrado, Jo 7.16; 12.49, 50; 17.8) é diretamente determinado por algo dentro de e da própria pessoa: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo” (Jo 7.17; cf. 5.40-47; Lc 7.30; Jo 3.14-21). Todos que “quiserem fazer a vontade dele” são persuadidos da verdade do Seu ensino, e portanto “ouvem” e “aprendem” do Pai e são trazidos a Jesus como o presente de Deus ao Filho, de forma que Ele possa “ver o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito”.
Não há nada no fato dos crentes serem o presente de Deus como herança do Filho que morreu por eles que de alguma forma transforma o “quem quiser” do Evangelho em um “quem dever” e em um “a maioria não poderá”. Não há nada nisto que segura os homens na camisa-de-força de um decreto antecedente da eleição e reprovação incondicionais, enquanto insiste que eles sejam “livres”. Não há nada nisto que evoque algum paradoxo inescrutável, obscuro, que clamorosamente insiste na impossibilidade de reconciliar a revelação da Santa Escritura com a responsabilidade dos homens. Somente a teologia de alguns é que faz estas coisas. Não obstante todos os teólogos ao contrário, a Escritura declara que, em relação a ambos os salvos e perdidos, Deus leva completamente em consideração a faculdade da iniciativa e decisão espiritual com a qual Ele dotou o homem na criação. Ele tem consideração por Sua própria criação.
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