"...estenderei a minha mão contra os habitantes desta terra, diz o SENHOR. Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; e desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade e curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz. Porventura envergonham-se de cometer abominação? Pelo contrário, de maneira nenhuma se envergonham, nem tampouco sabem que coisa é envergonhar-se..." (Jeremias 6.12 a 15)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Lei e Graça – Contrárias ou Igualmente Necessárias?

Na atualidade podemos nos deparar com pregadores alardeando de sobre os púlpitos: "Não sejamos legalistas, cerimoniosos, frios e fariseus… antes estejamos debaixo da graça de Cristo e não debaixo da Lei".

Pois bem… é bem provável que você já tenha ouvido algo assim. Mas a questão é: Estando debaixo da Graça não precisamos mais obedecer ou considerar a Lei de Deus com sua devida reverência?? A graça apagou a Lei e conseqüentemente não precisamos mais obedecer ou nos tornaremos malditos por nos colocarmos debaixo dela através da obediência?

É fato que na Escritura lemos assim: "ROMANOS 6:14 - Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça." Mas o que é que Paulo quer ensinar neste versículo? Que o cristão está desobrigado de observar a Lei? Caso contrário sairá debaixo da graça?

Façamos uma análise rápida sobre o que é Graça.

Paulo nos diz que a Graça é um dom de Deus (Efésios 2:8). Um dom é algo que recebemos ou uma habilidade que possuímos sem termos feito algo para merecer ou praticado inicialmente para poder realizar. Um pintor por exemplo, ao fazer seu primeiro quadro pode perceber se tem o dom ou não ao final de sua obra. Ele deverá aperfeiçoar-se é claro, mas seu talento natural (dom) ele já possui independentemente da prática da atividade.

Semelhantemente, a Graça de Deus é um dom segundo Paulo. Os méritos são de Cristo e nós o recebemos sem ter feito algo para merecer, apenas recebemos. A Graça de Deus consiste em ele nos considerar inocentes e sem pecado diante Dele, sem termos feito nada para merecer ser tratados assim. Esta Graça de Deus resulta em vida eterna através dos merecimentos de Jesus.

Éramos culpados, mas pela graça somos considerados limpos da transgressão da Lei.

Agora que temos uma idéia do que é a Graça, podemos então discorrer sobre a relação Lei X Graça. (Só pra constar: As palavras "Graça" e "Dom" são derivadas da mesma raiz grega. Graça vem da palavra "χαρις = charis" e Dom vem da palavra "χαρισμα = charisma" segundo Strong)

A Dispensação da Graça

Algumas correntes teológicas marcam épocas desde do Éden, para separar eras ou períodos na história da humanidade. A cada um destes períodos chamam de dispensação. As principais são a "dispensação da Lei" e a "dispensação da Graça".

Ensina-se que a Lei era o meio pelo qual os homens que viveram antes de Cristo se salvaram, pois a graça ainda não havia atuado; após a morte de Jesus e sua ressurreição começou a dispensação da graça, onde agora os homens são salvos pela graça e a Lei deixou de ter relevância.

Vamos considerar: No céu ocorre uma chamada de todos os salvos para estarem diante de Deus. De repente há uma indicação: - À direita os salvos pela Graça e à esquerda os salvos pela Lei! grita Gabriel.

Já imaginou? eu não consigo acreditar.

Mas será mesmo que Adão, Abel, Enoque, Elias, Noé, Moisés, Isaías, Daniel, Jó… etc etc etc foram salvos pela Lei?. Será que todos os fiéis que viveram antes de Cristo foram salvos por obedecer a Lei visto ser ela o meio utilizado por Deus para Salvação na dospensação da Lei segundo ensina-se?

Será que não podemos entender o verso que diz "o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo." Ap 13:8??

Ou o verso onde lemos: "não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos." (II Tm 1:9).

Para Adão e Eva, o primeiro casal sobre a terra, foi dada a promessa de um redentor que viria: Gn 3:15 "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." Este casal viveu e morreu na esperança de um redentor que viria.

Outro bom exemplo simbólico da justificação própria e da justificação dada por Deus é a seguinte: Adão e Eva "coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais." (Gn 3:7), ou seja, o homem cobrindo sua nudez (injustiça e pecado) com algo que ele mesmo fez; mas para Deus isto era insuficiente! Pois o "Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu." (Gn 3:21). Percebamos esta maravilhosa lição de justificação pela fé ali mesmo logo após a queda.

O desejo de Davi era o seguinte: Sl 90:17 "Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus"

Vejamos o que disse Jó e em que estava baseada sua esperança. Jó era justo porém disse ele: Jó 19:25 "Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra." Jó confiava em Jesus Cristo, o Messias que havia de vir e não em sua justiça.

Daniel é outro ótimo exemplo. Não havia nele motivo algum para confiar em sua salvação pelas obras da Lei. Era desta forma que Daniel orava: Daniel 9:18 "Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome; pois não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias."

    Isaías, um dos maiores profetas do Antigo testamento registrou esta pérola para aqueles de seu tempo e para todos os demais homens: Is 26:12 "Senhor, tu hás de estabelecer para nós a paz; pois tu fizeste para nós todas as nossas obras."

    O Evangelho foi anunciado a Abraão: (GÁLATAS 3:8) "Ora, a Escritura, prevendo que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou previamente o Evangelho a Abraão..."

    Deixemos a falácia para os faladores e cegos! No Novo Testamento mesmo podemos ler em Hebreus 11 um verdadeiro monumento a fé e não as obras, daqueles que viveram antes da manifestação do Messias.

    Até aqui podemos ver, sem sombra de dúvida, que a graça permeia toda história humana Rm 3:22 "... justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção." Seja judeu ou gentio, homem ou mulher, livre ou escravo, ter vivido antes ou depois de Jesus; para Deus não há distinção!

    No Céu, não haverá duas classes de salvos, mas apenas uma: os que foram justificados pela fé no Sangue do Cordeiro.


 

Considerações sobre a Lei.

Em primeiro lugar vejamos nas Escrituras se a Lei vigora hoje, ou somente a graça.

Jesus mesmo afirma que não veio revogar, abolir ou anular a Lei e os profetas, ou seja, ele não veio trazer algo que excluísse dissolvesse, destruísse ou demolisse o Antigo Testamento, tornando-o inútil. Jesus afirmou: "Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas" (MATEUS 5:17)

Leia este verso: Mateus 5:19 "Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus." Quando Jesus disse estas palavras ele não poderia se referir a nada além do Antigo Testamento.

Muitos hoje afirmam que Paulo foi um dos maiores defensores da graça e ensinador de que a Lei foi anulada e abolida. Se Paulo estivesse entre nós hoje, certamente diria a todos os que ensinam tais coisas:

"...serão justificados os que praticam a lei" (Rm2:13)

"Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo nenhum; antes estabelecemos a lei."(Rm3:31)

"De modo que a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom." (Rm 7:12)

"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado." (Rm 7:14)

A Lei de Deus dura para sempre! Ela é um reflexo do caráter de Deus, e Deus não muda.

Na realidade, a afirmação de que a graça vigora hoje reafirma a permanência da Lei igualmente. A afirmação de que o perdão pode ser alcançado só tem força se houver o que ser perdoado.

Se a Lei foi abolida na Cruz, então não há mais a necessidade da graça e nem do perdão pois o raciocínio de Paulo é lógico ao dizer que: "... onde não há lei também não há transgressão." pois "...onde não há lei o pecado não é levado em conta." "... porquanto onde não há lei está morto o pecado." (Rm 4:15; 5:13 e 7:8).


 

A Lei Cerimonial

"...e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz" (Cl 2:14)

A Lei que foi abolida na cruz foi a lei cerimonial. Desta afirma Paulo ter Cristo derrubado "a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz." (Ef 2:14, 15)

A lei de Moisés, esta foi abolida, ou melhor, cumprida em Cristo Jesus. Todos os dias eram oferecidos sacrifícios de cordeiros para expiação de pecados, isto a lei de Moisés ordenava, mas não se deve mais fazer isso pois Jesus é "O cordeiro de Deus que Tira o pecado do mundo"

"Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus." "Ora, onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado." (Hb 10:1, 18)

Mas a Lei moral dos Dez mandamentos é eterna. Na revelação que teve o apóstolo João ele diz: "Abriu-se o santuário de Deus que está no céu, e no seu santuário foi vista a arca do seu pacto..." (Ap 11:19) No Santuário de Deus "depois do segundo véu estava a tenda que se chama o santo dos santos, que tinha o incensário de ouro, e a arca do pacto, toda coberta de ouro em redor; na qual estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha brotado, e as tábuas do pacto" Estas Tábuas do Pacto, são "as tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus." (Ex 31:18) e nelas está escrita a Lei dos dez Mandamentos.

Não há necessidade da graça sem a lei, A Lei Moral de Deus.

Somente através da Lei podemos perceber nossa situação de pecadores e separados de Deus pela transgressão. É através dela que percebemos que precisamos da Graça de Deus oferecida através da morte de Jesus.

Senhor Deus, através de sua Lei percebo que sou pecador e através de sua graça sei que posso ser novamente chamado de Seu filho.!Amém.

2 comentários:

  1. Outro assunto que dá muita discussão. Mas acredito que o nosso Conceito de Lei e Graça está muito limitado, confundimos práticas e rituais com a Lei e a falta de rituais com a graça. Precisamos nos aprofundar mais, pois Jesus é o redentor desde a eternidade e juntamente com Deus e o Espírito Santo arquitetou todo um plano de Salvação para o homem, com o objetivo de restaurar a comunhão perdida no Éden. Como foi dito: "Através da Lei percebo que sou pecador e através de sua Graça sei que posso ser novamente chamado de Seu filho! Amém". Deus os abençoe.
    Lincoln Dias

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  2. Exatamente Lincoln.
    Vemos que Graça implica em perdão... e perdão de algo que fizemos e ofendeu a Deus. Isto implica em transgressão da Lei.
    Escrevi o seguinte no fórum Torahweb:
    "Viver na Graça é estar não mais sob a condenação prevista da transgressão da Toráh, ou da Lei dos dez mandamentos ou no resumo que diz : "amarás o YHVH de Todo o Teu coração... e ao próximo como a si mesmo"
    Viver na graça é guardar os mandamentos não para ser salvo mas porque foi salvo.
    A graça e a Paz sobre nós. Amém."
    Se quiser ver uma ótima definição entre o uso da Lei e da Graça, clique neste link: http://www.torahweb.net/t874-vivendo-na-graca#11418
    Fica na Paz meu querido Amigo e Professor.

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