"...estenderei a minha mão contra os habitantes desta terra, diz o SENHOR. Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; e desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade e curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz. Porventura envergonham-se de cometer abominação? Pelo contrário, de maneira nenhuma se envergonham, nem tampouco sabem que coisa é envergonhar-se..." (Jeremias 6.12 a 15)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O "chifre pequeno" de Daniel 8:9 a 14

Estudo coletado do livro: “Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel”; pág..: 157 à 159 e 193 à 196

De Onde Vem o Chifre “Pequeno”?
Após a morte de Alexandre o seu chifre (isto é, seu reino) foi dividido em "quatro chifres notáveis, para os quatro ventos do Céu". A narrativa prossegue: "De um dos chifres saiu um chifre pequeno, e se tornou muito forte."
Os leitores da Bíblia por vezes entendem que a Bíblia, ao dizer que o chifre pequeno saiu "de um deles", o significado é que ele surgiu de um dos quatro chifres. O que a Bíblia realmente quer dizer, entretanto, é que o chifre pequeno surgiu de um dos quatro ventos; ou seja, que ele Surgiu de um dos quatro pontos cardeais. (Portanto, estamos lidando com um idiomatismo.)
Como pode ser isto?
No hebraico, os substantivos possuem gênero. Podem ser considerados como masculinos, femininos ou neutros. Muitos outros idiomas também empregam gênero gramatical. E em todos esses idiomas, a regra é que os pronomes devam concordar com os substantivos que os antecedem, sendo de igual modo masculinos, femininos ou neutros. Em português, por exemplo, pensamos em um navio como sendo masculino, e a ele nos referimos utilizando pronomes masculinos, tais como "ele" ou "seu".
No texto hebraico de Daniel 8:8 e 9, "chifres" é palavra feminina, ao passo que "ventos" pode ser masculina ou feminina. Na frase "de um deles" - [pois que o texto original não diz "chifres", como acontece em nossa versão em português], o pronome "eles" (de + eles) é masculino. Isto significa que o substantivo antecedente relacionado com "eles" não pode ser "chifres" (palavra feminina), e sim "ventos" (que pode ser palavra masculina).
Portanto, o chifre pequeno deveria surgir de um dos quatro ventos. Ou seja, deveria aparecer em um dos quatro pontos cardeais.
Para os efeitos de nosso estudo, é convincente observar que o Império Romano — pequeno a princípio — surgiu em um ponto a oeste em relação aos três primeiros impérios. É lastimável que alguns leitores bíblicos te­nham imaginado que o chifre pequeno de Daniel 8 fosse o estranho e pe­queno rei, Antíoco Epifânio.

O Chifre que Pisoteou o Santuário
Alguns estudiosos da Bíblia têm imaginado que o chifre pequeno de Daniel 8 é um dos reis selêucidas, Antíoco IV, comumente conhecido como Antíoco Epifânio.
Antíoco Epifânio perseguiu judeus conservadores e suspendeu os servi­ços do templo entre os anos 168 e 165 a.C. Ao analisar as suas atividades, I e II Macabeus - dois livros apócrifos - citam frases de Daniel 8 e 9.
Naturalmente a Bíblia não declara que o chifre pequeno de Daniel 8 é Antíoco Epifânio,
 e existem vários aspectos em que este rei não preenche as características da profecia. Vejamos:
1) Chifres representam reinos, e ele foi apenas um rei individual — parte de um dos quatro chifres.
2) Tampouco aparece ele "no fim do... reinado" dos reis selêucidas (Daniel 8:23), e sim aproxima­damente no meio da linhagem mencionada. (A dinastia dos selêucidas go­vernou de 312/311 a.C. até 65 a.C, e Antíoco Epifânio reinou de 175 a 164 a.C.)
3) Tampouco se pode dizer que ele "prosperou" (verso 12), ou que se "tor­nou muito forte" (verso 9). Seu pai, Antíoco III, foi chamado "o Grande", e com justa razão, pois que restaurou os domínios originais dos selêucidas. Antíoco Epifânio, por outro lado, era mencionado com sarcasmo — pelo menos por alguns de seus contemporâneos - como sendo "Epirnânio" — o homem louco. Antíoco Epifânio, depois de um fugaz triunfo no "sul" (Egito), foi totalmente derrotado nesse país quando o embaixador roma­no, C. Popílio Laenas, meramente lhe informou que o Senado Romano queria que ele se retirasse. O inflexível romano traçou com sua bengala um círculo em torno de Antíoco e exigiu desse uma decisão antes que ele saís­se de dentro do círculo!
4) No "leste" (Mesopotâmia) Antíoco Epifânio morreu sob circunstâncias obscuras e tristes. Até mesmo na "terra gloriosa" (Palestina) onde a prin­cípio ele parecia destinar-se ao sucesso, todas as suas ambições ruíram por terra enquanto ele ainda vivia.
5) Adicionalmente, todas as tentativas de enquadrar sua profanação do tem­plo judaico dentro de "2.300 tardes e manhãs", fracassaram uniformemen­te. O registro que mais se aproxima de ser contemporâneo, encontrado em I Macabeus 1:54 a 59; 4:52 a 54, é incrivelmente preciso ao dizer que ele in­terrompeu os serviços do templo durante três anos e dez dias (do 15º dia do mês de Chislev do ano 168 até o 25º do mês de Chislev do ano 165).
6) Ocorre que I Macabeus 1:54 aplica a frase "sacrilégio desolador" (bdelugma eremoseos, de Daniel 9:27 em grego) àquilo que Antíoco Epifânio fez em relação ao templo judaico. (E evidente que ele erigiu um ídolo no tem­plo, e sacrificou um porco no altar, para horror de todos os devotos judeus, para os quais o porco nem mesmo devia ser tocado pelos seres humanos.) Mas no Discurso do Olivete, Jesus disse que a "abominação desoladora' do profeta Daniel ainda se encontrava no futuro, no momento em que Ele próprio falava. S. Mateus 24:15. Cristo acrescentou, então: "Quem lê, en­tenda." Assim, se realmente quisermos compreender o significado da pon­ta pequena de Daniel 8, teremos que concluir — como o fez Jesus — que ela não pode ter sido Antíoco Epifânio, que morreu em 164 a.C, quase dois séculos antes do Discurso 4o Olivete.
Quem foi Antíoco Epifânio?
Freqüentemente fizemos referência a Antíoco Epifânio. Muito mais pode ser dito, entretanto, a quem estiver interessado.
Para início de discussão: Provavelmente a razão de tantos cristãos terem imaginado que Antíoco Epifânio é a figura que cumpre Daniel 8, é o fato de essas pessoas haverem obtido um conhecimento, a respeito desse rei, que não ultrapassou algumas poucas linhas em livros de profecia e algumas notas em estudos bíblicos. Se elas conhecessem mais a respeito dessa figura, por certo reconheceriam que ele não pode ser o chifre pequeno de Daniel 8.
Antíoco Epifânio foi o oitavo rei (de 175 a 164 a.C.) da dinastia selêucida, dirigente do reino helenístico que veio a ser conhecido como Síria. Ele é mencionado pelo historiador romano Lívio (História de Roma, livros 44 e 45), pelo historiador grego Políbio (Histórias, livros 26 e 27), e pelo Historiador judeu anônimo que escreveu I e II Macabeus, que fazem parte dos livros Apócrifos. O rei não aparece nas páginas desses escritores como um notável anticristo. Na verdade, emerge como um perdedor nato, um ho­mem tragicamente pequeno.
Seu pai, Antíoco III, o Grande, fez com que os domínios originais do reino selêucida fossem restaurados. Mas, na Batalha de Magnésia, em 190 , até mesmo ele perdeu grande parte de seu território - toda a Ásia Me­nor - diante dos romanos, que representavam um novo poder que se er­guia no ocidente.
Os romanos liberaram a área que haviam confiscado a Antíoco III, não assumindo controle direto da mesma. Roma era ainda um "chifre peque­no", que se desenvolvia lentamente de "um dos quatro ventos". Daniel 8:8
Os embaixadores romanos, entretanto, viajando para o leste a partir de Roma, dominavam claramente a política internacional do Oriente Médio.
A fim de garantir que Antíoco III cumpriria o tratado que lhe foi im­posto após a fragorosa derrota de Magnésia, os romanos tomaram como refém um dos jovens filhos do rei, justamente aquele que mais tarde viria a ser Antíoco Epifânio. Em Roma, e mais tarde durante uma visita à Grécia, o jovem Antíoco tornou-se saturado da espécie de cultura helenística que os romanos estavam adotando naquela oportunidade. Com a morte do pai, os romanos concordaram em que o jovem assumisse o trono, e retornou a Antioquia decidido a fazer-se um grande nome mediante (1) A difusão do helenismo — o pensamento e os costumes gregos — a qualquer custo e (2) pela ampliação de seus domínios, numa imitação das realizações de seu pai.
Vimos anteriormente que os seus sonhos militares se des­fizeram quando um enérgico embaixador romano traçou um círculo à sua volta. Seus sonhos culturais prosperaram um pouco mais, porém, em últi­ma análise, foram os responsáveis por sua queda. Ele tentou difundir o he­lenismo ao garantir suficiente dinheiro a várias cidades, de tal forma que estas pudessem construir templos e ginásios gregos. Através dessas medidas, reduziu sua nação à bancarrota. Ele morreu numa campanha que visava recuperar as finanças nacionais, e essa campanha consistiu em roubar o tesouro de um antigo templo oriental, tal como antes ele fizera com os tesouros do templo judeu.
Tanto os seus sonhos culturais quanto os militares o levaram ao notório relacionamento que manteve com os judeus. Conforme revela I Macabeus 1:11 a 15 e 2:43 a 52, um grupo de judeus liberais e helenizantes, liderado pelo sumo sacerdote judaico, Jasom, tomaram a iniciativa de solicitar a Antíoco o apoio necessário para construir em Jerusalém um ginásio grego.
Nos ginásios gregos os atletas (todos do sexo masculino) competiam uns com os outros completamente despidos. (A palavra "ginásio" significa "lu­gar de nudez".) A razão ostensiva subjacente a esse procedimento era hon­rar a masculinidade. Quando até mesmo os sacerdotes, sob instigação de seu sumo sacerdote, começaram a negligenciar seus deveres no templo de modo a poderem praticar inteiramente nus no ginásio (II Macabeus 4:17 a 27), os judeus mais conservadores sentiram-se escandalizados.
Antíoco era um camarada brincalhão sempre que não se encontrava zan­gado. Por exemplo, ele apreciava vestir-se como pessoa comum e realizar cor­ridas.
Não está claro se a oposição dos judeus conservadores teria levado a um confronto com Antíoco, não houvesse ele sido expulso do Egito pelo embaixador romano. A organização da expedição que invadiu o Egito havia lhe custado muito dinheiro, e de repente toda a empreitada fracassara! Ele se encontrava no caminho de volta para casa quando ficou sabendo que o sacerdote Jasom (outra vez!) havia-se envolvido num ataque contra seus pró­prios companheiros judeus. Confuso e magoado pelo tratamento que rece­bera no Egito, Antíoco atacou os judeus numa espécie de explosão particular de raiva. Depois disso, saqueou o templo, vendo nisso um meio de recuperar os custos da campanha do Egito. Ainda assim, é possível que ele não houvesse saqueado o templo, não tivesse ele sido instigado por Menelau, um judeu helenizante, que prometeu a Antíoco uma polpuda recompensa em troca da oportunidade de recolocar Jasom no posto de sumo sacerdote.
Foi depois dessa série de eventos desafortunados, nos quais judeus renegados desempenharam um papel muito proeminente, que Antíoco deslocou sua ação da uniformidade cultural voluntária para a uniformidade religiosa obrigatória.
Como parte do novo estado de coisas, no dia 15 de Chislev, do ano 168 a.C. uma estátua do deus grego Zeus foi erigida sobre o altar de holocaustos, I Macabeus 1 indica que, uma vez mais, judeus liberais participaram do processo. Dez dias mais tarde, no dia 25 de Chislev, eles começaram a sacrificar animais "imundos" sobre o altar, o que muito provavelmente incluiu suínos. II Macabeus 6:5.
Os judeus conservadores reuniram-se agora em torno de Judas Macabeu, sob cuja liderança intrépida obtiveram uma série de vitórias contra as tropas que Antíoco enviou para dar-lhes combate. A campanha judaica de Antíoco representou fracasso tão completo quanto o restante de sua deplorável carreira.
Libertos finalmente da hostilidade do rei demente e das maquinações dos judeus liberais, os judeus devotos removeram o velho altar e dedicaram um novo, três anos depois do dia em que sobre o antigo haviam sido dedicados sacrifícios impuros, e três anos e dez dias depois que sobre o altar havia sido erigida a estátua de Zeus. O dia 25 de Chislev ocorre no calendário judaico em época bem próxima ao Natal do calendário gregoriano. Nos dias atuais esse dia é honrado como "Hanukkah", e destina-se a celebrar a dedicação do novo altar em 165 a.C. Em o Novo Testamento, João 10:22 e 23 relaciona um episódio da vida de Cristo com essa festa anual: "Celebrava-se em Jerusalém a festa da dedicação. Era inverno." Não existe qualquer dúvida de que Antíoco interrompeu os serviços do templo, mas todas as tentativas de vincular tal interrupção com as 2.300 "tardes e manhãs" de Daniel 8:14 têm fracassado redondamente. Simples­mente não existe forma de se fazer caber esse período dentro de três anos, ou três anos e dez dias!
Dever-se-ia destacar também que a desolação do templo deveu-se em tão abrangente extensão à deslealdade de judeus quanto à demência de An­tíoco. Mais cedo ou mais tarde os judeus liberais teriam desolado por si próprios o templo, mesmo que Antíoco não houvesse exigido que isso ocorresse. Eles já viviam a realidade de negligenciar os rituais para pode­rem praticar nus no ginásio, e também já haviam obtido o apoio do rei no processo de helenizar Jerusalém.
Em data tão precoce quanto 1753, Sir Isaac Newton, o memorável cien­tista que em primeiro lugar expôs a teoria gravitacional, escreveu o seguin­te acerca de Daniel 9 e Antíoco Epifânio:
Este último chifre é por alguns considerado como Antíoco Epifânio, mas não de forma judiciosa. O chifre de uma besta nunca é símbolo de uma única pessoa: ele sempre significa um novo reino, e o reino de Antíoco era velho. Antíoco reinou sobre um dos quatro chifres, e o chifre pequeno era um quinto chifre, com seus próprios reis.
· Esse chifre era pequeno a princípio e veio a tornar-se excessivamente grande, mas isto não aconteceu com Antíoco. O chifre pequeno é descrito como elevando-se muito acima dos chifres anteriores, mas não foi isso que aconteceu com Antíoco. Pelo contrário, seu reino foi fraco, e subordinado aos romanos, e tampouco foi esse reino ampliado por Antíoco.
· O chifre era um rei de feições duras, e destruiu de forma extraordinária, e prosperou em suas iniciativas; ou seja, ele prosperou em suas atividades contra o povo santo; mas Antíoco foi afugentado do Egito por uma simples mensagem dos romanos, e posteriormente despachado e confundido pelos judeus.
· O chifre tornou-se forte em virtude do poder de outros, Antíoco agiu em seu próprio poder. O chifre ergueu-se contra o Príncipe dos exércitos celestiais, o Príncipe dos príncipes; e este não é o caráter de Antíoco, e sim do anticristo.
· O chifre arrasou o santuário até o solo, e não foi isso o que ocorreu sob Antíoco, pois este deixou o santuário de pé.
· O santuário e o exército foram pisados durante 2.300 dias, e nas profecias de Daniel dias representam anos; mas a profanação do santuário nos dias de Antíoco não durou nem mesmo este número de dias literais.
· Este estado de coisas deveria prosseguir até o tempo do fim, até o fim último da indignação contra os judeus; e esta indignação ainda hoje não chegou ao fim. A situação deveria prosseguir até que o santuário que foi calcado a pés viesse a ser purificado, e o santuário ainda não foi purificado.
As observações de Sir Isaac Newton contrastam fortemente com a nota sobre Daniel 8:1 na edição de 1967 da Scofield Reference Bible, a qual se refere às "predições notavelmente precisas dos capítulos 8 e 11 a respeito do reinado, caráter e antecedentes de Antíoco Epifânio".

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